O jornal britânico “The Guardian” vai deixar de vender os seus espaços publicitários a empresas produtoras e distribuidoras de combustível e gás natural, foi ontem anunciado. A decisão representa uma medida inédita de um órgão de comunicação social com expressão mundial e tem como fundamento “a redução da pegada de carbono do jornal e o aumento da cobertura da emergência climática.
Desta informação concluiu-se à priori que os jornalistas desta empresa vão deixar de andar de carro e camioneta com motor de combustão, vão deixar de andar de avião com motores de combustão a jato ou a hélice e que vão deixar de andar de navio ou barco a motor de combustão.
Em casa o pessoal desta empresa deve deixar de usar o fogão com bicos a gás e o esquentador a gás, quando se deslocam também não devem vir a usar as estradas em asfalto porque tudo isto vem do processamento direto do crude.
Não vamos considerar toda a panóplia de substâncias do dia a dia que é processada a partir dos destilados do crude, pois aí íamos aos materiais de construção das casas desses senhores, íamos às roupas de fibra que essas pessoas usam, aos PC's, telemóveis, aos produtos de limpeza e até alguns medicamentos têm origem em derivados do crude ou petróleo bruto, como quisermos chamar-lhe.
Os combustíveis fósseis não são como o tabaco, nem como o vinho, o café ou as drogas ilegais: que só são consumidos porque quem quer, basta parar o seu consumo para que eles desapareçam da vida da pessoa.
Os combustíveis fósseis são mais como o mercado negro ilegal que vende uma panóplia de coisas que de um modo ou doutro já todos compraram alguma dessas coisas e que se abolir bruscamente provoca uma crise grave na economia.
São os combustíveis fósseis que contribuíram e ainda vão contribuir muito para passar para um mundo limpo de fumos e resíduos carbonosos em grande escala.
Estamos num momento equivalente à saída do filho da alçada dos pais: começa a ser independente mas ainda precisa muito deles, não os pode simplesmente matar.
Os combustíveis fósseis têm toda uma indústria a jusante que produz o mundo humano tal como o conhecemos: começa com a indústria petroquímica e daí passa para a indústria dos veículos, da construção, do vestuário, de materiais compositos, indústria química e por aí fora.
A grande preocupação do momento é a produção de CO2 e este é principalmente produzido pelas queimas, mas são queimas de toda a ordem e natureza, desde a queima da massa bio-orgânica até à queima dos combustíveis e estes são usados para produzir todo o tipo de energia: elétrica, mesmo os aerogeradores e os painéis solares são produzidos a partir de fornos que ou queimam energia fóssil diretamente ou a energia que usam tem a fóssil a produzi-la a montante.
As minas donde se extraem os minérios para fazer as máquinas que produzem energia limpa usam energia suja.
É todo um entrançado que está em jogo e não somente deixar de queimar gasóleo ou gasolina, pois as Refinarias que fornecem o gasóleo, a gasolina, o GPL auto e o betume asfáltico para o chão das estradas, também fornece indiretamente as indústrias que vão fazer o seu anoraque de penas, as cadeiras de plástico da cozinha, o porta chaves e por aí fora.
O mundo não teria o desenvolvimento que tem se não tivesse desenvolvido a industria petroquímica com origem primeira no petróleo bruto.
PensaCM
