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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A GREVE DOS MENOS POBRES

Na Galpenergia a greve de 18 a 22 de Outubro, consistiu basicamente na segunda tentativa de pressão para que a empresa pagasse as horas extraordinárias a preços anteriores ao da nova lei.
A nova lei vai baixar o preço da hora extraordinária entre 50 a 75%. Esta fatia do vencimento para alguns trabalhadores já lhes marcava o estilo de vida, pois por ano uma boa fatia do ordenado vinha na forma de horas extraordinárias, lançando-os para uma baixa apreciável do poder de compra.
Assim numa segunda tentativa de pressionar a empresa, independentemente do que a lei preconiza até 2014, os trabalhadores ou colaboradores da empresa mais afectados por esta fatia de remuneração encetaram uma greve de vários dias, de modo que não deixaram entrar os empreiteiros nas Refinarias impossibilitando o seu trabalho nesses dias.
Nas Refinarias existem três tipos de pessoas que trabalham: os funcionários da Galp, os prestadores de serviços também conhecidos por empreiteiros e as funcionárias dos bares que pertencem ao Clube da Galp que é gerido pelos trabalhadores, tendo parte do orçamento subsidiado pela empresa.
Os funcionários da Galp ganham 70 a 100% mais que a média dos trabalhadores pertencentes aos empreiteiros e mais de 3 vezes o que ganham as funcionárias do Clube.
Ponto de vista dos ordenados base: quem fez greve foi quem ganha mais e não deixou que os que ganham menos trabalhassem nas suas actividades mesmo quando estas não interferiam com o processo de greve, aos que ganham menos foi permitido trabalhar, para poderem assegurar a comidinha entre as refeições.
Ponto de vista do poder de fazer greve: os funcionários dos sindicatos existentes na Galp tiveram a capacidade de fazer greve e ser-lhes descontados os dias de trabalho que puseram em causa, os trabalhadores dos empreiteiros, que nalguns casos ganham metade, se fizessem greve eram logo substituídos por outros desempregados, assim tiveram de ficar calminhos, as senhoras do Clube não podem fazer greve porque senão,
- O que lhes aconteceria? Possivelmente os funcionários grevistas e seus gestores despediam-nas?!
Ponto de vista de quem fez greve afinal: os que fazem bastantes horas extra por ano e trabalham na Produção, logo podem pará-la, mais uns quantos muito poucos doutros sectores, 8 a 9% do universo da empresa.
CONCLUSÃO
Quem tem força ainda tem poder reindivicativo, o que é diferente do coitado que precisa de sobreviver que sem força mantém a cabeça entre as orelhas. No entanto a crise é para todos.
PensaCM

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