Adriano José Alves Moreira teve o nome de imperador romano e nome de família judeu, pois um dos avós ainda o era.
Viver 100 anos não é para todos, casar aos 46 anos com uma senhora 23 anos mais nova e ter 6 filhos também não.
Ter estado ligado à oposição do ex Estado Novo nos anos 40 do século passado, defender oposicionistas na barra do tribunal, ser preso e o próprio Salazar tirá-lo da prisão, dar-lhe um cargo de Vice Secretário de Estado e mais tarde de Ministro é algo que parece surreal.
O senhor nasceu em Grijó, aldeia transmontana perto de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança e foi para Lisboa porque o pai polícia foi lá colocado, talvez por isso Adriano Moreira tenha tido como primeiro emprego jurista no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial em Lisboa.
Mas o que mais lhe agradou foi ser professor do primeiro ano de Direito, onde direcionava aquelas mentes jovens para uma forma de pensar correta.
Este homem fantástico, à casa do qual cheguei a ir em miúdo, de entre os seus seis filhos, um esteve ligado ao CDS/PP tendo sido autárquico mas infelizmente morreu em 2019, uma das filhas pertence ao PS tendo-se notabilizado por ter sido defensora dos direitos LGBT's na Assembleia da República.
Adriano Moreira ensinou, escreveu e explanou verbalmente o seu pensamento de visão e não de imediatismo, como é comum fazer na política.
Nasceu em 1922, numa República democrática, viveu e participou parte da sua vida na ditadura de Sal e azar e a última fase da vida tornou a desfrutar da democracia, embora tenha ido uns aninhos para o Brasil para evitar ser preso pelos excessos do PREC pós 25 de Abril de 1974, mas quando voltou acabou a ser Presidente de um partido embora de direita mas democrático, nos últimos anos ainda foi nomeado Concelheiro de Estado.
Realmente não é para todos.
PensaCM
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