Translate

sábado, 21 de março de 2015

A CRISE TAMBÉM SE SENTE NAS ESMOLAS


A crise estava a ser ultrapassada em 2014 mas entrámos em 2015 e soubemos que o custo da mão de obra no último trimestre de 2014 ainda conseguiu descer em Portugal.
A mão de obra é um dos componentes do custo final dos produtos que as empresas produzem, é algo que nas contabilidades devia pesar cada vez menos devido ao aumento das máquinas ou da automatização/robotização, pois só assim é que se consegue baixar os preços de produção.
O aumento das linhas de produção ou da automatização/robotização leva à necessidade de aumentar a especialização da mão de obra, exigindo cada vez mais competências específicas desta.
Os economistas é que percebem isto bem: se a mão de obra for cada vez mais especializada e com custos menores a economia melhora. Este tipo de melhoria da economia é referente aos números de um determinado país num contesto de globalização em que o empresário poderá usar mão de obra barata proveniente de uma geografia que a forneça e vender os seus produtos caros numa geografia onde o consumidor consegue ter poder de compra.
Um economista ortodoxo nunca relaciona a mão de obra com o consumidor: isso não se pode fazer pois são coisas tão diferentes que nem passa pela cabeça deles.
Mudando de assunto: as esmolas a pessoas e instituições saem maioritariamente do bolso das pessoas que constituem a mão de obra mas que são também consumidores e essas pessoas estão a dar cada vez menos dinheiro de dádiva aos pobres e às instituições, estando a provocar problemas de financiamento nos projetos de beneficência e nos pecúlios dos sacerdotes.
Existem três tipos de pessoas: os que contribuem para a visão do economista capitalista, os que são considerados mão de obra e os que estão no limbo entre a mão de obra e a contribuição para a visão economista
Na realidade existem os que criam mão de obra que através da troca de salário por trabalho gera a possibilidade de as pessoas poderem sobreviver e poder também serem consumidoras, por outro lado a publicidade dos criadores de mão de obra gera necessidades novas ou reforça as já existentes nas pessoas, para que estas consumam os produtos das suas empresas. Quando os salários baixam de uma maneira geral significa que a função de consumidor fica afetada diminuindo o consumo, o que vai diminuir os escoamentos dos produtos das empresas dos criadores de mão de obra e levar alguns ou muitos deles à falência e a sua mão de obra ao desemprego, provocando ainda mais falta de consumo e menor escoamento dos produtos das empresas que continuam a aumentar as falências.
Esta visão só poderá ser diferente se o país onde baixa a mão de obra conseguir que uma grande percentagem do que produz seja exportado/vendido em mercados onde o consumo tem  essa possibilidade.
Mas no mundo de uma só empresa, baixar o custo da mão de obra aumenta-lhe os lucros através da diminuição dos custos, não afetando praticamente o tecido empresarial nem o funcionamento da sociedade em geral, só baixa o nível de vida das pessoas e das famílias que trabalham para essa empresa: esta visão deve ser sempre diferente da visão global do político que gere a sociedade como um todo de empresários, acionistas, mão de obra e consumidores em que muitas vezes uns são também os outros.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) há uns anos atrás conseguiu um acordo mundial em que convenceu a China e outros países, atualmente emergentes, a alinhar no comércio global, abolindo impostos aduaneiros protetores, mas sem levar em consideração as condições do trabalho, assim passou a ser possível produzir nesses países muitas vezes sem qualquer consideração pela chamada mão de obra local e exportar em grande para mercados com capacidade de consumo, nos quais os seus empresários intermediários dessas exportações viram os seus lucros disparar. Assim, no seguimento de um tipo de iniciativa empresarial ganhadora deslocaram os seus meios de produção para os países de produção/mão de obra barata deixando a mãos de obra cara sem emprego.
Foi assim que a mão de obra cara que no fundo eram os mercados com capacidade de consumo, deixaram de ser aquele oásis de consumo, arrastando muita empresa local para a falência e respetiva mão de obra para o desemprego.
Mas depois disto tudo o economista e o político ortodoxo ainda insistem na mão de obra barata para impulsionar a economia que no fundo é o mercado de consumo.
Entretanto as expansões das economias de produção barata acabam por aumentar o custo da mão de obra devido ao aumento da procura da mesma e a travar o crescimento económico devido à degradação dos mercados consumidores, acabando a gerir pequenos crescimentos económicos em função da gestão do desemprego, tal como está agora a Europa.
A saída serão as novas classes médias dos países emergentes  que conseguiram passar a ter algum potencial de compra mais uns pequenos mercados de ricos do petróleo e doutros novos produtos que consumirão o que entretanto passará a ser produzido por novas mãos de obras baratíssimas para que dali a poucas décadas se repita o que agora se passa.
É esta a visão de sustentabilidade que se tem e se ensina.

PensaCM

Sem comentários:

Enviar um comentário