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quarta-feira, 12 de junho de 2024

DEUS MERCÚRIO

 


Mercúrio, conhecido como Hermes na mitologia grega, é uma divindade de grande importância tanto para os gregos como para os romanos. A criação e a veneração de Mercúrio têm raízes profundas nas culturas clássicas, e o seu culto desempenhou um papel significativo em várias civilizações ao longo da história.


Origem e Desenvolvimento do Culto de Mercúrio

Mercúrio surgiu como uma figura mitológica entre os gregos antigos, onde era conhecido como Hermes. Hermes era o mensageiro dos deuses, filho de Zeus e Maia, e possuía várias atribuições, incluindo a de guia das almas para o submundo, protetor dos viajantes, comerciantes e ladrões, e deus da eloquência e das transações comerciais. A imagem de Hermes foi adotada pelos romanos, que o renomearam Mercúrio, atribuindo-lhe características semelhantes e integrando-o à sua própria religião e mitologia.

Mercúrio foi adotado principalmente por duas grandes civilizações: a grega e a romana. Os gregos veneravam Hermes desde tempos antigos, com menções já presentes na obra "Ilíada" de Homero. Com a expansão do Império Romano, o culto a Mercúrio foi assimilado e amplamente difundido por toda a Europa e partes da Ásia e África. Os romanos construíram templos dedicados a Mercúrio, como o Templo de Mercúrio no Aventino, em Roma.

O culto a Mercúrio tinha um significado multifacetado. Para os comerciantes e viajantes, era um protetor e um guia, assegurando boas transações e viagens seguras. O seu papel como mensageiro dos deuses e guia das almas também lhe conferia um aspecto espiritual e sagrado, fazendo dele uma ponte entre o mundo dos vivos e o além. Além disso, Mercúrio era associado à eloquência e à comunicação, refletindo a sua importância nas interações sociais e comerciais.

O culto a Mercúrio começou a declinar com a ascensão do Cristianismo no Império Romano, especialmente a partir do século IV d.C. Com a adoção do Cristianismo como a religião oficial do império, os cultos pagãos foram progressivamente suprimidos. O edito de Tessalónica, emitido pelo imperador Teodósio I em 380 d.C., marcou o fim oficial dos cultos pagãos públicos e acelerou o desaparecimento do culto a Mercúrio. No entanto, muitos de seus atributos e símbolos foram reinterpretados e assimilados na cultura cristã e em tradições posteriores.

A ligação entre o deus Mercúrio e o elemento mercúrio é uma combinação interessante de mitologia, astrologia e alquimia, onde a figura mitológica e a substância química convergem em várias tradições culturais e históricas.

Mercúrio é frequentemente representado como um deus ágil e veloz, com asas nos pés e no capacete, e portando um caduceu (um bastão com duas serpentes entrelaçadas).

O elemento químico mercúrio (Hg) tem propriedades físicas únicas: é um metal líquido à temperatura ambiente e possui uma alta densidade e condutividade. O nome "mercúrio" deriva do latim "hydrargyrum", que significa "prata líquida" (do grego "hydrargyros"). Este elemento foi conhecido e utilizado desde a antiguidade, e os alquimistas associaram-no a uma série de propriedades místicas e medicinais.

Na tradição alquímica, Mercúrio (o deus) e o mercúrio (o elemento) estão intimamente ligados. A alquimia, que precedeu a química moderna, buscava transformar materiais comuns em ouro e descobrir o elixir da vida eterna. O mercúrio era uma substância central nesses processos devido às suas propriedades únicas.

Simbologia Alquímica: Na alquimia, Mercúrio era visto como um símbolo de transmutação e transformação, refletindo a capacidade do deus Mercúrio de se mover entre diferentes reinos (o dos deuses e o dos mortais). O mercúrio, por ser líquido e mudar facilmente de forma, foi considerado um símbolo perfeito para a mutabilidade e transformação que os alquimistas procuravam.

Planeta Mercúrio: Em astrologia, Mercúrio é também o nome do planeta que governa a comunicação, a inteligência, e a viagem, refletindo as atribuições do deus Mercúrio. O planeta Mercúrio é associado ao elemento químico devido à tradição astrológica e alquímica de ligar os planetas aos metais (como o Sol ao ouro e a Lua à prata).

Além de suas associações alquímicas e astrológicas, o mercúrio foi historicamente utilizado em medicina e em diversas práticas científicas. No entanto, a toxicidade do mercúrio levou a um reexame de seu uso ao longo do tempo, e hoje ele é manipulado com extremo cuidado devido aos seus efeitos nocivos na saúde humana.

Conclusão

A ligação entre o deus Mercúrio e o elemento químico mercúrio é um exemplo fascinante de como a mitologia, a ciência e a alquimia se entrelaçam na história da humanidade. Enquanto o deus Mercúrio simboliza velocidade, comunicação e transformação, o elemento mercúrio, com as suas propriedades físicas peculiares, tornou-se um símbolo tangível desses mesmos conceitos na prática alquímica e científica.


Referências Bibliográficas

Português:


Caruso, Mario. Alquimia e os Alquimistas. Editora Cultrix, 2001.

Silva, Francisco de Oliveira. Mitologia Grega e Romana. Editora Vozes, 2002.

Inglês:


Principe, Lawrence M. The Secrets of Alchemy. University of Chicago Press, 2013.

Burkert, Walter. Greek Religion. Harvard University Press, 1985.

Hebraico:


שפיגל, שלמה. מיתולוגיה יוונית ורומית. הוצאת האוניברסיטה הפתוחה, 1996.

מנדלבוים, דוד. מיתוסים קלסיים. הוצאת כרמל, 2003.

Alemão:


Kerenyi, Karl. Die Mythologie der Griechen. dtv Verlagsgesellschaft, 2003.

Otto, Walter F. Hermes und das Geheimnis der Hermeneutik. Klett-Cotta, 1995.


Referências Bibliográficas

Português:


Silva, Francisco de Oliveira. Mitologia Grega e Romana. Editora Vozes, 2002.

Pires, António S. Deuses e Mitos da Antiguidade Clássica. Edições 70, 2010.

Inglês:


Grant, Michael, e Hazel, John. Who’s Who in Classical Mythology. Routledge, 2002.

Burkert, Walter. Greek Religion. Harvard University Press, 1985.

Hebraico:


שפיגל, שלמה. מיתולוגיה יוונית ורומית. הוצאת האוניברסיטה הפתוחה, 1996.

מנדלבוים, דוד. מיתוסים קלסיים. הוצאת כרמל, 2003.

Alemão:


Kerenyi, Karl. Die Mythologie der Griechen. dtv Verlagsgesellschaft, 2003.

Otto, Walter F. Hermes und das Geheimnis der Hermeneutik. Klett-Cotta, 1995.


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