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sexta-feira, 14 de junho de 2024

MERCÚRIO NA ALQUIMIA









O mercúrio, também conhecido como azougue, teve um papel central na prática alquímica ao longo da Idade Média. A sua aparência líquida à temperatura ambiente e o facto de molhar as paredes do recipiente onde se encontra deixando uma curvatura para baixo e não para cima como a água além das suas outras propriedades peculiares fascinaram os alquimistas, que o consideravam tanto um símbolo espiritual como um material prático para as suas experiências. 


Na alquimia, o mercúrio era visto como um dos três princípios fundamentais, juntamente com o enxofre e o sal, conforme a teoria proposta por alquimistas como Paracelso. Esses três elementos representavam, respectivamente, o espírito, a alma e o corpo de todas as substâncias. O mercúrio, em particular, simbolizava a maleabilidade e a fusão, uma vez que se podia combinar com outros metais para formar amálgamas, dado que era líquido.


Além disso, o mercúrio era frequentemente associado ao planeta Mercúrio (Hermes na mitologia grega) e ao deus Hermes Trismegisto, considerado o patrono da alquimia. A sua natureza fluida e metálica era vista como um mistério a ser decifrado, um reflexo da busca alquímica pela transmutação de metais comuns em ouro e pela descoberta do elixir da vida eterna.


O mercúrio (Hg) é único entre os metais devido ao fato de ser líquido à temperatura ambiente. A sua densidade é de aproximadamente 13.534 g/cm³, o que o torna um dos metais mais densos, é mais denso que o chumbo. Esta alta densidade e a sua capacidade de formar amálgamas com outros metais como ouro e prata foram aspectos cruciais que alimentaram as práticas alquímicas.


A fase líquida do mercúrio à temperatura ambiente é uma de suas características mais notáveis e intrigantes. A maioria dos metais encontra-se em estado sólido à temperatura ambiente, mas o mercúrio permanece líquido, o que facilitava a sua manipulação e estudo pelos alquimistas. Esta propriedade também o tornava um símbolo perfeito da transmutação e da mudança, conceitos centrais na alquimia.


Referências Bibliográficas

Português:


"História da Alquimia" de Serge Hutin - Este livro explora a evolução da alquimia ao longo dos séculos, incluindo a importância do mercúrio nas práticas alquímicas medievais.

"A Alquimia na Idade Média" de Paulo Rónai - Um estudo detalhado sobre a alquimia medieval, destacando o papel dos metais e do mercúrio nas teorias e experimentações dos alquimistas.

Inglês:


"Alchemy and Alchemists" by C.J.S. Thompson - Este livro oferece uma visão abrangente da história da alquimia, com foco nas substâncias utilizadas, incluindo o mercúrio.

"The Alchemy Reader: From Hermes Trismegistus to Isaac Newton" edited by Stanton J. Linden - Uma coleção de textos essenciais sobre alquimia, muitos dos quais discutem o uso e a simbolismo do mercúrio.

Hebraico:


"ספר המערכות" מאת אברהם אבולעפיה - טקסט חשוב מהמסורת הקבלית המדבר על עקרונות האלכימיה והשימוש בחומרים כמו כספית.

"סודות האלבימיה" מאת חיים סולובייצ'יק - ספר המתאר את ההיסטוריה והפרקטיקות של האלכימיה בימי הביניים, כולל השימוש בכספית.

Alemão:


"Die Alchemie: Geschichte einer hermetischen Wissenschaft" von Johann Wilhelm Rittmeister - Um estudo abrangente sobre a história da alquimia, com detalhes sobre o papel do mercúrio.

"Alchemie: Das Große Werk in der Geschichte der Menschheit" von Alexander Roob - Explora os elementos-chave da alquimia, incluindo a importância do mercúrio nas práticas alquímicas medievais.

Conclusão

O mercúrio foi uma substância central na alquimia medieval devido às suas propriedades únicas e ao seu simbolismo profundo. A sua densidade elevada e o seu estado líquido à temperatura ambiente fascinavam os alquimistas, que o viam como um componente essencial na busca pela transmutação dos metais e pela obtenção do elixir da vida. A alquimia percursora da química, com as suas raízes tanto na prática como no misticismo, encontra no mercúrio um reflexo perfeito dos seus ideais e ambições.


PensaCM

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